18 de out. de 2012

história sem nome-san Capítulo 24


Capítulo 24

Zumbi

        Eu tremia. Isso é tudo que eu vou te dar. Eu tinha medo, Mel ainda me abraçava, John parecia pensativo.
         – Eu? O centro da terra?
         Acenei trêmula.
         Rafaela parecia a ponto de ter um ataque.
         – Ai droga, é tudo culpa minha, eu exerci muita força, queria ver se ela se lembrava de alguma coisa, mas... Ai desculpa, eu...
         – Tudo bem – disse balançando a cabeça lentamente – você fez bem. Mas eu estou cansada – e agora me dirigindo a John disse – posso ir para casa?
         Ele sorriu, se agachou e me deu um beijo na testa, seus lábios eram quentes, ou eu que estava demasiado gelada.
         – Você deve ir para casa. Mel pode acompanha-la?
         Mel acenou, e ainda abraçada a mim, se levantou e seguimos para minha casa. Na calçada, do outro lado da rua, o meu novo vizinho, o garoto que me chamara de estranha estava sentado, encostado a um canto, lia um livro que eu não identifiquei o título. Ao ouvir os barulhos de passos levantou os olhos distraídos,  deu uma olhada na Mel, sem real interesse e depois seus olhos pousaram em mim demoradamente.
        Ele se levantou, se aproximou com cautela, parecia com receio de chegar perto de mim.
        – Ela está bem? Precisa de ajuda? – perguntou ele para Mel, com as sobrancelhas erguidas. Por que ele falava como se eu não pudesse ouvir?
         Mel sorriu, agradeceu a oferta, mas fez que não. Ela sabia que para mim, o melhor agora seria ficar o mais sozinha possível e tentar explicar o que havia acontecido comigo seria um pouco complicado, definitivamente ele não entenderia.
         Ele deu mais uma rápida olhada para mim, como se eu fosse alguma espécie de bicho ao qual ele tinha medo de se aproximar. Ok, esse garoto estava me dando raiva!
          Entrei e fui direto ao banheiro, Mel foi preparar algo para eu comer enquanto eu ia tomar banho. Me olhei no espelho e notei o porque da reação estranha daquela garoto, eu não só estava pálida como papel, eu também estava meio arroxeada como se toda a cor tivesse sido drenada de mim, até mesmo o branco! Eu tinha olheiras, como se não dormisse a dias, e minha mão sangrava muito, além de eu ter alguns cortes no rosto. Lembrei-me da dor que senti e me deixei deslizar até o chão do aposento, poderia ser confundida facilmente com um zumbi com aquela aparência, me perguntava se alguma hora eu voltaria ao normal.
        Tomei banho o mais demoradamente que pude, coloquei uma bata preta e um jeans cinza assim como uma pequena sapatilha da mesma cor. Me olhei no espelho, do meu cabelo escorria água fazendo pequena gotas na minha bata. Minha pele tinha ganhado um pouco de cor, pelo menos eu não estava mais arroxeada, na minha mão já não havia sangue, apena uma cicatriz completamente fechada. E os cortes do meu rosto também tinham se fechado .
         Desci e me deparei com uma mesa cheia. Haviam alguns sanduíches, com tudo que você pode imaginar, suco, refrigerante, brigadeiro ainda mole e quente em um copo com morangos mergulhados. Mel havia pegado tudo que melhor que havia em casa e feito um verdadeiro banquete.
         – Assim você vai me mal acostumar. Não é porque eu pareço um zumbi que preciso de tudo isso!
         Mel riu, mas ainda parecia preocupada, minha olheiras tinham dado uma leve suavizada, mas eu me sentia como se tivesse corrido uma maratona e minha voz saia fraca e falhando algumas vezes. É, eu tinha a levíssima impressão de que agora em diante as coisas começariam a pegar fogo, e que eu estaria de alguma forma no meio de tudo isso!
        Comi tudo que pude, sem me preocupar em engordar, tomei dois grandes copos de suco e um de água e fui me deitar. Ainda eram 15:30 da tarde, mas eu precisava dormir.
         – É melhor ir para casa agora Mel-chan, eu vou ficar bem – prometi.
     – Tem certeza? Posso ficar aqui até sua irmã chegar!
     – Não! Por favor, vá pra casa...
     Eu não sabia exatamente o porque, mas eu sentia necessidade de ficar sozinha. Fechei minha porta e minha janela, tranquei ambas. Assim que deitei dormi imediatamente, sem sonhos ou pesadelos, sem nada além do cansaço.
      

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