Capítulo 3
Irmã de coração
Foi um alivio
chegar em casa e me esparramar no sofá, minha irmã logo apareceu a porta da
cozinha com um pote de brigadeiro. Jessica Leto era o nome da minha irmã mais
velha, tinha 18 anos, era bem legal e animada, adorávamos passar a madrugada
assistindo animes juntas, ela tinha uma banda cover do Evanescence em que era a
guitarrista e vocalista, e gostava muito da Amy Lee, ás vezes brigávamos, mas
geralmente nos dávamos bem, ela era alta, e loira, seus cabelos eram bem
ondulados e tinha olhos escuros, meio cinzas, ao contrário de mim, que tinha os
cabelos castanhos claro e bem lisos, e era bem baixinha, apesar de meus olhos
terem o mesmo tom acinzentado que os dela. Mas nossas diferenças eram
justificáveis pelo fato de eu ser adotada, nunca conheci meus verdadeiros pais,
mas isso não importava, eu amava a minha família como se fossem do meu sangue.
Morava no
Japão, sozinha com a minha irmã, nossos pais moravam em Portugal, eles haviam
nascido lá, assim como minha irmã, mas eu era brasileira, só sabia disso.
Era como se ela tivesse um sexto sentido e
sempre soubesse quando estava mal, e soubesse exatamente o que fazer, sentou-se
na beirada do sofá e me entregou uma colher.
– Só porque
está com cara de morte, hoje te deixo escolher o anime que vamos assistir! Que
se passa? – perguntou ela, se sentando no espaço que havia dado ao levantar
para escolher o anime.
– Tem uma
oráculo na minha escola que teve uma visão sobre mim... – e contei a minha irmã
o que sabia sobre tudo.
– Que coisa
horrível! – disse minha irmã parecendo preocupada – tu não sai mais a noite sem
companhia viu!?
– Ok, na
verdade não pretendi sair mesmo! – afirmei aliviada pela minha irmã estar lá,
me sentia tão protegida perto dela que chegava a ser engraçado. Tinha amigas
incríveis e fortes, mas me sentia mais protegida perto da minha irmã que não
tinha nenhum tipo de poder, ou grandes habilidades em luta. – Pronto! Aqui
está, comprei está semana parece que é bom! – disse-me referindo ao anime.
– Qual é? –
perguntou minha irmã curiosa.
– Soul Eater,
tem 50 episódios, acho que em duas semana conseguimos terminar!
Ficamos então
assistindo e comendo brigadeiro, chocolate era o melhor remédio para tudo, era
realmente bom o anime, e muito engraçado, quando deu dez horas da noite minha
irmã anunciou que tinha de dormir, pois tinha ensaio da banda cedo no dia
seguinte. Fiquei um pouco triste, mas também fui me deitar, mesmo sabendo que
não conseguiria dormir.
Como previra
estava olhando para o teto, minha janela estava aberta, mas pensava em fecha-la
logo, logo, alguém podia entrar por ela, virei-me para não encarar a janela, me
dava calafrios só de pensar em alguém adentrando meu quarto, quando ouvi um
barulho me virei. Quase gritei ao ver alguém sentada na beirada da minha cama,
algumas poucas lágrimas percorreram meu rosto, antes de eu reconhecer e abraçar
um das minhas melhores amigas!
– Mel-senpai!
Quer me matar do coração?! Está louca?! Eu-eu... – não tinha mais palavras a
dizer, estava feliz por não estar mais sozinha, e por ser a Mel estando em
minha companhia, mas ela havia me assustado muito!
– Eu sabia!
– disse Mel rindo – Você quase chorou! – apesar da brincadeira ela parecia
gentil – Mas depois de hoje é aceitável, acho que estaria assim também. Mas
bem, eu sabia que não ia conseguir dormir hoje, e o negócio do meu pai anda a
me perturbar, minha mãe ainda nega que meu pai tenha sido um anjo, diz que eu
estou louca! Mas espere até eu lhe mostrar minhas asas! Quero ver o que ela vai
ter a falar! Andei praticando, voar é tão bom! – disse ela contente – Mas bem,
voltando ao assunto, como sabia que ambas não iriam dormir, resolvi vir te
fazer companhia!
– É incrível
como me conheces! – afirmei, e era verdade, Mel parecia me conhecer quase
melhor que eu mesma! –Mas, como chegou até aqui? Sua casa é longe!
Mel ergueu as
sobrancelhas, suas costas se remexeram e ela deu um leve sorriso.
– Atá! –
disse dando um leve tapa na testa – Como não fui pensar nisso?! Você voa! –
disse sorrindo.
Passamos
então o resto da noite conversando, coloquei um colchão no chão, para que a Mel
pelo menos pudesse ficar deitada. E antes de amanhecer, Mel partiu para poder
se arrumar para a escola.
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