18 de out. de 2012

História sem nome-san Capítulo 5


Capitulo 5

O garoto do capuz

     Já faziam mais de dois meses que Daniela havia tido aquela visão comigo, eu quase não estava mais levando fé naquilo, além do mais eu nunca estava sozinha, ainda mais agora que Cátia e Daniela haviam se tornado minhas amigas também, eu adorava elas!
     Havia acabado de escurecer, mas eu já estava com sono, estudar de manhã dava nisso, busquei fazer alguma coisa para distrair a cabeça, ver se eu despertava, pois sabia que se dormisse a uma hora daquela, com certeza não dormiria bem a noite. Enquanto buscava o que fazer ouvi um cachorro chorando muito alto, ficava com pena só de o escutar chorando, coloquei um casaco, pois o tempo dera uma virada e a noite ficava frio, e sai porta afora para ver o que se passava.
      Encontrei um cachorro rastejando pela rua, em sua pata havia um grande caco de vidro e por isso ele não conseguia andar direito. Olhei para os lados, a rua estava bem deserta e com alguma neblina, vez ou outra se viam carros passando, no céu, brilhava um lua cheia, e as árvores balançavam com o tempo. Sem pensar em nada, fui atravessar a rua, o cachorro estava do outro lado, um pouco acima da minha casa, mas antes que chegasse vi um garoto, que parecia ter surgido das sombras, usava um moletom e estava de touca. Na hora meu coração disparou! “O garoto que Daniela viu!” pensei.
      Meu corpo paralisou, e eu me odiei muito por isso, estava morrendo de medo, mas o garoto pareceu ignorar minha presença, sentou no chão ao lado do cachorro, pegou o animal no colo, e com gentileza tirou o pedaço de vidro que estava em sua pata, com um canivete – o que diabos o garoto fazia com um canivete no bolso!? – rasgou parte da camiseta azul sob o moletom e o enrolou na pata do animal, impedindo um fio de sangue que escorria pela perna do animal de prosseguir.
      Quando finalmente pareceu me ver, gelei novamente, ele olhou para mim de cima abaixo, mas não pude ver sua expressão pois o capuz ocultava seu rosto.
       – Eu moro longe – o garoto falava comigo como se não fosse uma estranha – não posso leva-lo para casa, você cuidaria dele? Amanhã eu recomendaria o levar ao veterinário se puder.
      Não respondi, ao reparar bastante no garoto vi que ele era alto, o que me fazia cada vez ter mais medo dele, meu coraçãa ia batendo cada vez mais forte, eu estava começando a ficar com medo, “Exatamente como na visão da Daniela” foi o que pensei sem querer, queria me convencer do contrário, mas havia algo em mim que se negava a deixar de sentir medo.
      – Entendo – disse ele pegando o cachorro nos braços, - então eu o levo – e começou a descer a rua, vindo em  minha direção.
      – N-n-não! – forcei-me a dizer aquelas palavras, como era tola! O garoto não tinha feito nada para mim, por que eu teria medo dele? Ele só havia cuidado do cachorro ora! – Eu posso, posso cuidar dele, eu... amanhã eu...
      O garoto me olhou como se eu fosse um alien, mas pela primeira vez, riu. Senti meu rosto corando, sabia que ele estava rindo de mim, do modo como o havia respondido, não devia fazer a mínima ideia do porque de eu estar daquele jeito, eu estava fazendo papel de boba.
     Ao chegar bem a minha frente, me entregou com cuidado o cachorro, que choramingou um pouco, mas logo parou, a esta hora já havia perdido o medo dele, afinal ele iria embora agora, não iriamos mas nos ver e fim. Pelo menos foi assim que imaginei o fim da história.
     O garoto se abaixou até alcançar meu ouvido, e como se me segredasse algo, disse:
      – Se eu fosse você continuaria com medo...
      Uma brisa bagunçou meus cabelos, e meu corpo já estava praticamente preparado para correr, “eu sabia, eu sabia, não devia ter confiado nele desde o inicio, não devia, agora eu, eu...”. Mas antes que pudesse completar meus pensamentos, me vi só na rua. Na mão ainda estava o cachorro, mas não havia mais vestígio do garoto, eu estava completamente sozinha. Me perguntava se aquilo não havia sido um sonho, uma ilusão, mas o pedaço de tecido de algodão azul amarrado a perda do animal em meus braços me provava que eu não tinha delirado, o que fez todos os pelos do meu corpo se arrepiarem.
      Como se estivesse a quilômetros de distancia vi minha irmã, brava vir em minha direção:
       – O que pensa que está fazendo!? Sozinha, a noite, na rua!? Está louca? Vamos, entre.
       Expliquei para minha irmã o cachorro, mas omiti a parte do garoto, não queria preocupa-la mais ainda, disse que o havia encontrado assim, e ponto! Afinal, minha irmã já cuidava de nós duas desde que nossos pais nos mandaram para estudar no Japão. Ela já fazia demais por mim.


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